A Ponte

Aquele parecia ser somente mais um dia, daqueles que desfilam na avenida larga da rotina e que, ao encontrar-se com a noite, cai no baú do esquecimento. Até que, ali na esquina da vila, brotou não se sabe de onde nem plantada por quem, uma placa que dizia: “Via Interditada” e a vida se transformou.

O trânsito difícil de todos os dias,  naquela hora já era caótico; os ânimos exaltados se faziam ouvir nas buzinas desafinadas; atrás da direção dos veículos, fisionomias transtornadas traduziam o tempo roubado pelo congestionamento; vozes graves e roucas alardeavam aos gritos: “A Ponte Foi Demolida”.

Pontes são seres sensíveis que precisam ser cuidados; pintadas de branco, elas se destacam na paisagem, são elos de ligação, meios de se alcançar a outra margem, facilitadores para se chegar a destinos.

Antes de demoli-las, é imprescindível que se pense, que se planeje outras rotas e caminhos, pois elas são tão importantes que, como quase tudo que conquistamos e acreditamos ter, nos trazem a ilusão de ser para sempre, até que um dia não dispomos mais delas e percebemos o seu valor. 

Cuide de suas pontes, elas facilitam sua caminhada; trabalhe para mantê-las abertas; esforce-se para aprender a construir belas pontes, sejam elas grandes ou pequenas no seu papel de interligar.

Cuidado com os muros!

Rogério Alves