Cheiro de Chuva
- Rogério Alves da Silva
- 12 de abr.
- 2 min de leitura

Sem aviso, o dia fechou-se em negras nuvens e, com cara de poucos amigos, fez-se zangado. Horas atrás, ele era claro e havia me recebido caloroso e amigo para mais uma caminhada onde nos saudamos todo santo dia; neste instante, a garoa manhosa de agora a pouco já é chuva daquelas que molha bobo.
É incrível como o nosso mundo muda sem uma mínima cerimônia, transforma-se, indiferente ao nosso querer, deixando uma preciosa lição para quem está disposto a sentar-se em um banco na varanda e olhar sem contestar, sem pressa, com roupa de ficar em casa e o mais importante, é que se esteja descalço.

Daqui, vejo as plantas dançando, felizes da vida tomando banho de chuva, este é o que elas mais gostam, o de mangueira não é tão gostoso e derrubam suas flores, elas deixam transparecer claramente a sua predileção por uma chuvinha mansa. Para ver, é só o espectador se ajeitar no banco da varanda e não ficar desejando que a chuva pare, só porque ele tem que sair e tudo fica claro.

O Sol, exibido que é, vez por outra se aproveita do descuido das nuvens e se mostra, querendo interromper o momento gostoso que a chuva trouxe, tomara que ela fique por aqui caindo no nosso jardim pelo menos até o banho delas terminar; e eu também quero ficar por aqui, caído, escarrapachado no banco, aproveitando a chuva, não tomando banho, mas, curtindo uma preguicinha boa sem fazer nada.

O cheirinho de terra quando molhada é gostoso e espalhou-se rápido; esse clima me relaxa, o tempo deixa de se fazer presente, é somente contemplação e a imaginação alça voo, borboleteando, solta, pousando nas ideias que se vestem de palavras e que vão se ajeitando umas às outras até formarem um texto.
E antes que haja alguma censura boba pelos pés no chão, lembre-se: hoje é Sábado!
Rogério Alves
Comments