Dia de Cão
- Rogério Alves da Silva

- 30 de out.
- 2 min de leitura

Hoje foi um dia daqueles! E começou como todo santo e bom dia, como se fosse somente mais um dos que discretamente escoam, sem deixar, depois de um tempo, registro na memória. Mas não foi o que se deu, já durante o café da manhã, as notificações pipocavam feito loucas no WhatsApp, causando um certo espanto com a exagerada quantidade.
Sem resistir à curiosidade, mesmo ali na mesa, comecei a respondê-las e quando lembrei do café, ele já estava frio e intragável. Depois de uns trinta minutos, me dei conta que o trabalho e outras questões já haviam se apoderado da minha atenção e que eu nem precisaria sair de casa para enfrentar os tais leões que dizem nos aguardam lá fora.
Depois de mais um tempo de trabalho intenso, houve uma pausa, da qual me aproveitei para correr até a garagem e rapidamente entrar no carro; celular no carregador; cinto de segurança afivelado; clique no controle remoto do portão; marcha a ré engatada e olho na câmera indo até o portão; na rua que um dia já foi calma, o fluxo de veículos era intenso e caótico.
Diante da situação desafiadora, me lembrei de respirar e o fiz por repetidas vezes, profunda e lentamente, de olhos fechados e ouvidos atentos que constataram o retorno das notificações. Celular inquieto, trânsito mal educado na rua impedindo a minha saída, não me restou outra opção que não fosse voltar à vaga, fechar o portão, desligar o carro e retornar ao WhatsApp.
Entre uma mensagem e outra, corri para o “meu” escritório aqui em casa e, de porta fechada, cadeira confortável, sonzinho baixo no computador, respirei, soltei os ombros e retomei o trabalho que vinha nervoso ao meu encontro. As horas foram voando e, quando dei conta, me avisaram que o almoço estava na mesa esperando a minha presença.
O celular ficou no escritório durante a refeição, após o “meu” almoço, constatei que as coisas estavam mais calmas, consegui sair da garagem sem grandes riscos e somente com uma buzinada de alguém mais apressado, indo cuidar do seu trabalho lá fora.
À tarde, as coisas fluíram mais tranquilas. Ao retornar para a casa no final do dia, ainda na garagem, fiz um balanço de tudo que vivi e cheguei à conclusão que se esse foi um Dia de Cão, foi o dia de um desses cãezinhos que se vê passeando por aí, todo feliz e enfeitado, voltando do pet shop na companhia de seu tutor super amoroso.
Já ouvi falar que tem pessoas que vivem dias bem mais duros por aí. Entrei em casa me sentindo um poodle gigante.
Rogério Alves

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