top of page
acreditar-em-si.jpg

Conheça também nossas páginas sobre:

Contato


Economia Criativa

Moda Social

Pequena Empresa

Perguntas sobre Vendas

Pelas trilhas da Venda

Criatividade e Liderança

Empreendedorismo Social

Ação Social

Trabalho Voluntário

Blog

Agenda

Ébrio

ree

Na ruazinha estreita em que até as calçadas foram suprimidas, as janelas se olham bem de pertinho com intimidade; escancaradas pelo destemor deixam ver a afinidade das casinhas que se perfilam bem arrumadinhas uma após a outra até a esquina com a praça da minha cidade. 


Aqui, nas cidadezinhas de enfeite, o tempo rege a vida sem pressa e sem alarde. o dia que chegou de mansinho e iluminou com sua luz a ruazinha, desfilou preguiçoso pelo céu e agora, vai em direção às montanhas onde todas as tardes se esconde caprichosamente, deixando o horizonte esfogueado até a noite desabar sobre a cidade. 


A rua, agora sob um manto de estrelas, deixa ver aos passantes suas amareladas luzes que fogem pelas janelas ainda abertas, vindas uma de cada lado da rua, encontram-se e deitam-se no calçamento, formando uma esteira brilhante de pedras coloridas e frias.


Os que chegam com a noite, vão mansamente em busca de abrigo e, não tarda, as janelinhas coloridas vão se fechando uma após a outra, até que só reste aquela lá do final da rua, renitente, como um farol que guiará os ébrios que só retornam para casa na alta madrugada. 


Noite alta, e o silêncio ensurdecedor só é quebrado ao longe por latidos e uivos; a ruazinha agora é um pequeno deserto que engana a quem olha e julga não haver ali vida; de um lado a praça, do outro o muro de pedras iluminado pela luz amarela da última janela.


Ontem, cheguei quando a noite já se despedia e um novo dia vinha chegando, iluminando a praça da minha cidade; cansado, fui até o final da ruazinha guiado pela luz da última janela; estirado na cadeira de balanço vi o dia desfilar e se despedir, vi a noite chegar e se fazer madrugada; a minha Janela continua lá,  escancarada, a luz trêmula e amarelada acesa, a ruazinha lá fora deserta.


A minha rua é sem saída e a cidade, de enfeite.


Rogério Alves  


 
 
 

Comentários


bottom of page