O Frio e o Meu Vazio 2
Parado, ali no meio do nada, longe para seguir em frente, distante para pensar em voltar, era hora de apear, pisar o chão e esperar que as pernas acordassem, pois, foram horas de um trôpego cavalgar.

Fogo aceso e atiçado; banco frio de pedra largada a beira da estrada; agora, foi abrir os alforges em busca de algo que calasse os roncos do vazio, de horas ou quem sabe dias sem colocar nada na boca, entretido nos caminhos do pensar.

Embalado pelos sons da noite em solidária serenata, buscava nas estrelas e suas múltiplas formas possíveis, um antídoto que curasse esse nada que varre a minha alma, rouca de tanto querer dar-se ao choro.

Em seu andar sorrateiro, a noite foi passando diante dos meus olhos, e, antes que o sono me vencesse, vi um novo dia vir, lento, rompendo a barra da escuridão, apagando o fogo, permitindo que o frio se apossasse de todo o meu ser.

De pé, o olhar contemplava a beleza do campo, do sol nascente, iluminando o que restou da noite e o frio cortante… o caminho me atrai, depois de tanto vagar, voltar é uma possibilidade de rever alguém que ficou.
A noite, com seus segredos e encantos, me tocou e, nessa manhã, sinto o calor agradável do sol vir dissipar o frio; é hora de resolver que direção tomar, em frente ou retornar é questão de escolha, tão só.

O vazio foi se ampliando até que ocupou todos os espaços, a partir daí não importava onde estivesse, menos ainda em companhia de quem, algo em mim se quebrou e é preciso que eu me cure.
Enquanto isso não se der, o caminho é o que resta ao caminhante, atendendo a necessidade urgente de se mover, sempre só, dando-se chance de ouvir o sussurrar dos pensamentos e o pulsar do meu coração mineiro.

Rogério Alves
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