FUGITIVO
- Rogério Alves da Silva
- 24 de mai.
- 1 min de leitura
Com passos de pantufas, sigo pelas ruas
Mochila nas costas, boné sobre os óculos
Tento passar despercebido por olhos atentos
Olho para o chão e conto paralelepípedos
Mas no fundo sei, eles me veem e julgam
Sem dó, sem nenhuma condescendência
Fui condenado e, agora, só me resta fugir
De trem, serei preso a vagar pela estação
De carro, só por furto, mas agravaria a pena
De ônibus, teria algum estranho ao meu lado
Sigo pela rua coalhada de pessoas frias
Que fingem indiferença, mas me buscam
Vejo que eles trazem mochilas às costas
Bonés sobre os olhos e evitam me olhar
Seus passos são rápidos, mas de pantufas
Parecem estar fugindo de algo ameaçador
Eles surgem de todos os lados da multidão
Somos todos muito parecidos, eu em fuga
Multidão que julga, que não se reconhece
Pobres fugitivos que fogem de si mesmos
A mochila é pesada, os óculos me cegam.
Fugidios!
Rogério Alves
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