Gabirobas
Tempo, gigante das nossas almas,
que assusta o menino
sem que seja preciso dar um único grito!
Menino que procura por gabirobas,
correndo pelos campos de Carmópolis de Minas.
Que olha para trás e ainda se vê,
pequenino no Cerrado Mineiro.
Parece que foi ontem!
Ainda sinto a doçura da fruta,
tomo cuidado com os espinhos de seus arbustos,
desvio-me de suas árvores retorcidas,
atarracadas, cascudas e velhas.
Quando minhas lembranças chegam à casa branca,
Vejo que o tempo passou.
Que suas portas sumiram,
que as janelas caíram,
que seu telhado ruiu.
Vejo pelas feridas, abertas pelo passar dos anos,
suas entranhas de barro, seu esqueleto de paus e taquaras.
No caminho do hoje, até você,
não achei nenhuma gabiroba, guabiroba ou guavirova…
Elas sumiram!
Mas, pude colher um a um,
os cinquenta anos que se foram,
que, somados aos oito daqueles dias,
devoraram a fruta na sua doçura,
feriram a casinha e sua brancura.
Levaram o menino para longe,
fazendo dele um homem,
que saudoso, sempre volta,
em busca da casa e das gabirobas.
As lembranças enganam o tempo!
Me fazem novamente menino,
sentindo a doçura daqueles dias.
E o menino, sempre volta à casinha branca.
Sempre...
Rogério Alves
Ainda bem que podemos voltar, mesmo que apenas através das lembranças, aos nossos tempos de meninos. Quem não volta?