Quando a idade chega
Sem nenhum saudosismo, eu me atrevo a dizer que bom mesmo é o hoje e, ainda mais, o amanhã.
Me lembro, claramente, de quando fiz meus trinta anos! Foi um marco quase histórico, comemorado com uma grande festa; de lá até hoje, já se passaram quase três apressadas décadas.
Nestes 59.8 invernos vividos, o Sr. tempo foi ganhando peso e se mostrando cada vez mais apressado, onde, em desabalada correria, os dias se sucedem sem piedade, as semanas se atropelam e os meses conspiram ardilosos na formação de dúzias.
A minha intenção em demarcar estes dois pontos (30/60) é assinalar as grandes mudanças provocadas pela experiência. Se aos trinta eu estava no auge da disposição e pronto para tudo que surgisse, chegando aos sessenta, penso ser hora de argumentar, contemporizar, buscar caminhos e formas mais fáceis de realizar, beneficiando-me de tudo que aprendi vivendo.
E a natureza é tão sábia que, com a diminuição das forças físicas, passamos a dispor de alavancas que compensam esse declínio, tornando tudo mais pensado, planejado e leve.
O conhecimento é fruto saboroso do aprendizado, recompensa merecida para quem se permitiu amadurecer, bagagem que se pode utilizar sem medo, não tendo nenhuma contraindicação, sempre na intenção de fazer a vida melhor.
É muito comum, em nossas conversas, sermos perguntados se gostaríamos de voltar à juventude. Eu gostaria muito, mas só se fosse possível retornar com toda a bagagem acumulada nessas minhas andanças. Do contrário, prefiro ficar onde estou, pois eu me lembro claramente de como eu era muito mais bobinho do que sou hoje.
Eu sei que você deve estar rindo agora, e achando difícil, mas é que eu era muito mais bobo.
Doeu chegar até aqui e, com certeza, se eu voltasse, faria o mesmíssimo caminho, para poder novamente ganhar da vida as pessoas com as quais ela me presenteou e que me fizeram ser quem sou hoje.
Ganhei muitos e lindos presentes!
Rogério Alves
Ao longo dos meus setenta e um anos, o aniversário mais marcante para mim (pelo que eu me lembre) foi ao completar cinquenta anos, pois a minha esposa e amigos me surpreenderam com uma festa na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF). Evidentemente que não dá para seguir o seu exemplo e marcar os seus dois pontos (30/60), pois seriam 50/100, algo imaginável. Sei que mudei muito desde aquela noite, há vinte e um anos. E, enquanto o Bom Deus permitir, sei que continuarei mudando, pois o mundo não é estático. Quem assim seja!