No mundo da Lua
A maré não está pra desavisados!
Em uma das minhas viagens pelo Nordeste, eu estava numa linda praia de Alagoas, onde várias choupanas continham redes e cadeiras para receber os turistas.
As horas foram passando e a água, que estava a muitos metros das primeiras e mais privilegiadas pessoas, começou a ficar mais atrevida.
A cada vinda ela avançava um tiquinho mais e voltava ligeira como quem nada quer.
Brincalhona, já vinha até as primeiras cadeiras e tentava levar as sandálias e outros apetrechos praieiros descuidadamente deixados.
Estando um pouco mais atrás, comecei a observar que algumas pessoas nem se davam conta e que cabia aos seus acompanhantes e vizinhos salvar das ondas sapecas os objetos surrupiados por ela.
Depois de alguns minutos, já se estabelecia uma certa algazarra e a retirada das cadeiras junto com cangas ensopadas, chapéu cheios de areia, bolsas meio afogadas...
Baldinhos, pás e forminhas já boiavam longe, sendo salvos por pessoas mais corajosas.
Ouviu-se, naquela tarde, até relatos de alguns "pertences" que foram levados e perdidos, quem sabe para nunca mais…
O verídico relato tem uns vinte e cinco anos e eu o trago para fazer um paralelo, uma analogia com o que vivemos hoje.
Sentados, entretidos com a vida, não atentamos a chegada de ondas que, gradativamente, vão se impondo.
Na maioria dos momentos, não paramos para avaliar o que está acontecendo, nem para buscar e entender as causas e, a partir disso, tomar as medidas defensivas, ter atitudes necessárias para enfrentar a situação.
Depois da primeira varrida, somente chegamos a cadeira um pouquinho para trás e ela volta e leva as sandálias...
A gente se levanta, corre atrás, volta e se senta no mesmo lugar.
E, quando a onda chega mais forte, reagimos assustados como se o ocorrido fosse inesperado.
A maré está subindo e vai continuar.
As ondas vão nos atingir se não estivermos atentos; causarão perdas se não nos prevenirmos; traumas se não nos precavermos.
Para tanto, é imprescindível buscar compreender o mundo onde estamos inseridos, quais as suas forças, influências, ciclos... sua tábua de maré!
A vida é uma grande aventura - eu costumo repetir - como tal, necessita de um ótimo planejamento para que tudo dê certo, para que os objetivos sejam alcançados.
É preciso gastar tempo planejando: buscar conhecimento, preparação, prevenção e, ainda, levar em conta variáveis que fogem ao nosso controle.
Tomemos nossas vidas nas mãos, sejamos zelosos e estejamos abertos ao conhecimento, é ele que vai nos mostrar e prevenir sobre a ação das marés.
Assim, atentos e munidos de um relativo saber, tomaremos cada vez mais atitudes proativas e acertadas, evitando perdas desnecessárias.
Quando a primeira marola molhar seus pés, levante-se!
Olhe ao redor, avalie a situação, busque uma rota de fuga, caso seja necessário.
Recolha o que esteja meio largado e tenha "valor" na sua vida e comece a agir!
Esteja sempre atento, senhor da situação.
Não acredite em gurus, não existe receita que sirva para todos.
O maior especialista em você, tenha certeza, é você mesmo!
Você é ímpar e pode muito quando se sabe capaz e responsável por sua vida!
E ainda, pode orientar os desavisados sobre a subida da maré.
Quando jovem, para conseguir a aprovação de minha mãe para alguma aventura mais arriscada, eu utilizava a expressão:
- Mãe, todo mundo vai, por que eu não posso ir?
A resposta era:
- Você não é todo mundo, pense por você mesmo.
E concluía:
- Você não vai e pronto!
Rogério Alves
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