O Monstro do Dia

Já é finalzinho de tarde, quando a gente começa a se preparar para fechar o dia, e é então que damos aquela última olhada nas nossas mensagens, uma conferida nos emails e constatamos que  tudo está sob controle e, para fechar realmente com chave de ouro, só falta aquela navegada de leve nas redes sócias e pronto, é  hora de voltar para casa.

E, chegando em casa, libertar os pés dos sapatos, colocar uma roupinha daquelas que nos conhecem há muitos anos, já com o formato do corpo,  e aí, é só  curtir o resto da tarde e parte da noite, até que um sono doce nos seduza e nos leve para a cama que nos aguarda fofinha, gostosa e com aquele cheirinho bom que o sol deixa nas roupas que se estenderam calmas para se bronzear.

Tive este sonho a umas noites atrás, em uma daquelas que parecem que não vão terminar nunca, noites entrecortadas por sobressaltos, idas e vindas ao banheiro e passeios intermináveis pelos canais da tv a cabo, até que este sonho se fez e entregou-se calmamente para ser gravado na minha lembrança, que anda carente de bons sonhos.

Contei-o para um doido varrido, desses que já viram disco voador, que me jurou que esse meu sonho já morou na realidade de uns sonhadores. Mas, que de uns tempos até hoje, o dia antes comportado, foi se assanhado e por querer crescer, começou a engolir a noite, minuto a minuto com um apetite de final de hibernação e, deu no que temos hoje.

Um dia que não entardece, que traz o trabalho para casa, convida-o para sentar, para jantar e depois de uns dias, acaba indo com a gente para a cama e quando não se aguenta mais de sono, ele fica ali ao lado contando os minutos que a noite ainda detém, até que ele mesmo se encarregue de nos despertar para mais um dia insaciável. 

Adoro esses doidos sonhadores, você acredita que ele ainda me disse que se lembra de um tempo em que na boquinha da noite as pessoas colocavam cadeiras em frente às casas e ficavam ali por horas conversando fiado, enquanto as crianças brincavam na rua até cansar?

Esses doidos são fogo!

Eles não acreditam no home office.

Rogério Alves