Oi pai!
São lembranças?
Ou foram histórias colhidas?
Vivi ou só me contaram das suas peripécias e aventuras?
Estas são minhas dúvidas!
Sei tanto de você... no entanto, por mais profundo que eu mergulhe no mar das minhas memórias, nada vêm à tona que eu possa afirmar que sejam realmente vivências, tudo se confunde entre possíveis experiências e as narrativas acolhidas pelo meu coração depois da sua partida.
Nos anos seguintes à sua ida antes do combinado, não me lembro de ouvir muito, em família, sobre você; suas histórias só vieram a me chamar a atenção muitos anos depois, quando eu havia, no casamento, recebido de Deus, duas jóias para serem cuidadas e lapidadas.
Talvez, eu só tenha realmente buscado por você, quando iniciei meu aprendizado como pai. Só a partir da chegada dos meus filhos, comecei a pensar no que perdi por não ter convivido com você, e isto fez com que eu buscasse ser melhor do que eu realmente era a princípio.
A relação com meus filhos despertou em mim algo de vago, uma incompletude na minha formação, uma imensidade de dúvidas e questionamentos gerados por não ter vivido uma experiência entre filho e pai; ainda, sempre me questionei sobre os motivos de sua ausência na minha vida quase que totalmente..
Quantas aventuras e peripécias eu conheço hoje da sua caminhada: viajando pelo país, construindo estradas, montando indústrias, comércios, fazendas... Como eu gostaria de ter escutado, de você, essas histórias! Certamente, seriam muito mais ricas de minúcias!
Hoje, quando penso em você, sou tomado de uma curiosidade detalhista, que me leva a imaginar como foi viver todas estas aventuras na primeira metade do século passado, num mundo totalmente diverso do meu.
Obrigado por me receber como seu filho, mesmo estando juntos fisicamente somente por três anos, mas, tenho certeza que você esteve sempre do meu lado, de alguma forma, o quanto pôde.
Um beijo no coração!
Minha intenção em compartilhar esta "carta" é ressaltar a importância do papel daqueles que nos receberam em suas vidas, da falta que eles nos fazem quando se retiram; para nós, eles o fazem sempre de forma apressada e desavisada.
Por isso eu recomendo: aproveitem, aproveitem muito as suas presenças, eles são especiais.
E partem das nossas vidas de uma hora para outra.
Rogério Alves
Tive um privilégio maior do que você, pois convivi com o meu saudoso e querido pai por pouco mais de trinta e oito anos. Ele já se foi há 42 anos, mas guardo no coração uma gostosa saudade, se assim posso dizer, daqueles anos vividos com ele, de grandes aprendizados... Enfim, valeu a pena aqueles trinta e oito anos... E como valeram!!!