Os anos passam…
Para todos e para tudo, o tempo é algo inexorável!
E isso pode ser facilmente percebido, pois ele deixa suas marcas de forma indelével, sendo impossível desafiá-lo ou contestar sua marcha.
Costumo brincar, em minhas palestras, que, depois dos 50 anos, se você, ao se levantar pela manhã, não perceber uma única dor, nem que seja uma pequena, tipo uma travadinha na coluna ou um ombro dolorido, a probabilidade de você ter “partido dessa pra melhor” deva ser considerada…
Outra situação que tem me chamado a atenção é em relação às minhas viagens. Sempre viajei bastante a trabalho e a lazer. Costumava avaliar se eram produtivas ou não, somente por seus resultados comerciais e financeiros. De um tempo pra cá, outras variantes passaram a ser consideradas e sentidas.
Algo como uma imensa falta de vontade de ir, mas, como faço parte daquele grande time que se não trabalhar não come, eu termino por superar a indisposição e vou, mesmo um pouquinho contrariado.
Levantar às 04:30h (algo comum pra mim) passou a ser um sacrifício. Depois de duas horas ao volante, surge uma quase necessidade de parar e, ao estacionar, uma constatação: sair do carro é dolorido, é preciso o apoio na porta e, ainda, fazer uma alavanca com o cotovelo (a bunda tá cada vez mais pesada). De pé, ao lado do carro, são necessários alguns segundos para as pernas ficarem novamente espertas.
Em seguida, vou ao banheiro e, na lanchonete, tomo um café. De volta ao carro, registro outra constatação: “Caramba, tá só começando o dia! E eu só vou voltar pra casa à noite... (eu adoro voltar pra casa).
À noite, quando finalmente chego em casa, percebo, de forma clara e incontestável, que o tempo realmente passou por aqui, pois me sinto cansado e dolorido - situação totalmente diferente do que acontecia há alguns anos, quando a mesma aventura não causava nenhum dano ou impressão negativa digna de nota...
Mas, sob outro prisma, o tempo tem se mostrado totalmente favorável. Enquanto sobre o físico a ação é comprometedora, no campo intelectual esta ação é totalmente positiva.
O passar dos anos nos concede tempo de acumular experiências; de ganhar coragem para mudar de ideias e opiniões; de se preocupar menos com o que podem pensar os outros; necessidade premente de ajuste das nossas ações com a nossa fala.
Minha esperança é que esta experiência, seja realmente cumulativa como sou levado a acreditar. Que nós sobreviveremos à morte deste corpo físico, conservando nossa individualidade quando partirmos daqui pra lá… local ou estado, de acordo com cada um.
Na realidade, só o tempo vai dizer como será!
Sim, este mesmo tempo que marca nossa vida com seus ponteiros apressados a nos empurrar..
Como tem sido o passar do tempo por aí?
Você tem sentido os seus sinais?
O tempo é marcante, nos dando até coragem de falar sobre estas coisas… e tantas outras que lá atrás, não cogitávamos.
Rogério Alves
Como me respondeu um saudoso amigo, importante personagem da política friburguense, ao lhe perguntar por que sempre carregava um pacote com analgésicos no bolso, a sua resposta foi: na minha idade (ele tinha 84 anos à época) não é se doí, mas onde doí. Esta pergunta foi há muitos anos e hoje é assim comigo: não é se dói, mas onde doí. E sou grato por isto, até porque como também me disse um outro amigo, este ainda por aí, não devemos brigar contra o tempo, ou seja, que ele está nos envelhecendo, mas agradecer por ter privilégio de caminhar com ele, o tempo, pois só existe uma forma de evitar a ação dele: é partir cedo deste nosso mundinho…