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Pistolas de vacinação

Você já ouviu falar?

Se lembra?


Me lembro de quando eu era criança pequena lá em Belo Horizonte, na Cidade Industrial, na rua Arminda dos Reis, 126. O ano era 1974 e eu tinha somente 10 anos de idade.


Naquele ano, o Brasil já vinha sofrendo com uma grande epidemia de Meningite, que ficou marcada na nossa história por sua gravidade e pelo negacionismo do governo. A mortalidade chegou aos inacreditáveis 12% a 14% dos infectados e as maiores vítimas eram as crianças.



O governo militar (Emílio Garrastazu Médici/Ernesto Beckmann Geisel) omitiram os números de casos para a população e negavam a existência de uma epidemia. Vivíamos, no país, naquele momento, a ilusão do "milagre econômico" e o governo temia que o anúncio de uma epidemia pudesse afetar a imagem do país no exterior e prejudicar o crescimento econômico.


Até que os números chegaram nas grandes cidades, como São Paulo, a patamares absurdos e eles se viram obrigados a admitir o que realmente vinha acontecendo há muito tempo em todo o Brasil.


Me lembro que, quando as primeiras mortes aconteceram na minha cidade, não se sabia bem a causa, mas não demorou a surgir uma proteção caseira para nós, as crianças. Fomos, todos, “protegidos” com um “patuá” de cânfora preso por alfinete as nossas roupas ou em um cordão em torno do pescoço – solução caseira diante de situação desesperadora.


Até que, finalmente, o governo admitindo a existência da Pandemia, liberou a vacina para a população e todos correram para os postos de vacinação. O nosso era na Mannesmann, me lembro das enormes filas e dos muitos relatos aterrorizantes sobre a morte de crianças do nosso bairro e até do meu colégio, o Grupo Escolar Deputado Cláudio Pinheiro, pertinho da minha casa.



Finalmente, chegou a minha vez de ser vacinado. Pela primeira vez, vi uma "pistola de vacinação" de perto e, conforme a fila andava, mais de perto eu via a tal pistola e já me era possível até ouvir o estampido emitido a cada disparo (Dose aplicada) em crianças aos berros, contidas e consoladas pelas mães.


De olhos fechados e morto de medo, eu não me lembro do exato momento do tiro da "pistola de vacinação" no meu braço. Me lembro sim, do meu irmão chegando em casa, reclamando muito da vacina e de minha mãe “delicadamente” dizer:


Deixa de frescura, seja homem!


Estes eram outros tempos, as coisas eram diferentes, lá se vão 48 anos; a maioria das pessoas, até aqui, nunca tinham ouvido falar de "pistola de vacinação", de censura, sonegação de informações, negacionismo, repressão, covardia contra a população, omissão de responsabilidade, abuso de poder...


Foi assim a minha primeira experiência com vacina, que eu me lembre, pois minha mãe fala que, antes desta, tomei muitas outras. Me lembro que, depois, tomei várias, incontáveis vezes, até no colégio eles nos davam vacinas.


Ainda bem que não temos mais as Pistolas de Vacinação!

Já pensou?

E a abreugrafia?

Lembra?


Rogério Alves.


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