Pobre pássaro
Lá fora é chuva fina, garoa preguiçosa,
Um vento frio entra por todas as frestas,
Pés gelados, mãos buscando os bolsos,
A vida pulsa em ritmo mais lento, calmo.
Olhando a rua, perdi a noção do tempo,
Contemplo o nada nos pingos da chuva,
Vejo no chão um leve correr das águas,
Preguiçoso, o relógio bate doze vezes.
Penso nos pés frios que incomodam,
A gaveta das meias é longe da janela,
O clima é paralisante, entorpeceu-me,
Algo me prende naquele lindo quadro.
Do outro lado da rua, numa árvore nua,
Um pássaro triste e molhado me olha,
Presos um ao outro, não nos movemos,
Ele de lá, eu de cá e a vida ali, parada.
Os pés doem, o frio sobe pelas pernas,
Uma mão quente me toca com carinho,
Uma voz doce e calma me diz ao longe,
Amor, acorda, o dia está Lindo lá fora.
Rogério Alves
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