Pobres Vulcões
Tem dia que bate um desânimo!
Um silêncio pesado se faz e cala a alma e, tanto, que a boca silencia e chega a minar o meu caminhar de pés que calçam botas de chumbo.

A fala do outro teima em me tirar da quietude, forçando-me a responder sofridamente, meneio a cabeça concordando sem mesmo ter ouvido e, diante da persistência, deixo escapar surdas e dúbias respostas monossilábicas; o que desejo é uma quietude e silêncio.
E mesmo as distâncias costumeiras se tornam imensas para o meu difícil caminhar; deixo passar as paisagens sem vê-las, como se uma cortina me impedisse; a respiração curta traz o cansaço e suspeito de bigornas sobre os meus ombros.

De onde vem este estado que me visita sem avisar e se apossa da minha alma eclipsando a luz? Será que vem de fora e me toma de assalto? Ou é algo que transborda das minhas profundezas por não ser mais possível o represamento?

Pensei, agora, nos pobres vulcões, que ficam quietinhos por um tempo, aparentando a quietude dos fogões a lenha, mas que, de uma hora para outra, entram em erupção, vomitando o que não cabe mais no seu âmago, ato de alívio e limpeza.
Será que, como eles, chegará um tempo em que não haverá mais erupções e a estabilidade se fará sedimentando o equilíbrio? Enquanto isso não se der, preciso aprender a conviver com estes derrames vindos de tempos em tempos.
É tudo parte de um crescimento, de um amadurecimento que se dará. Não adianta pressa, o aprendizado é longo, mas gratificante.
Fico feliz de já compreender que estas erupções fazem parte do processo de purificação.
O que você acha?
Rogério Alves
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