Rotina X Desafios

O ano novo começou e seus dias continuam mantendo a mesma toada ensandecida que vinha me enfadando e, pior que a pressa alucinante, é constatar que esses dias não trouxeram nada de novo e que se, por um breve instante, eu conseguisse esquecer o novo calendário, pensaria estar navegando nas horas mortas de um ano eterno.

O sentimento é que a vida não se importa com o calendário, ela vai em frente sem prestar contas dos seus planos, levando-nos de roldão, onde a rotina é implacável, persistente e vai nos abraçando sem apertar como se nos acalentasse, causando conformismo e aceitação.
Com o passar desses dias, os planos de mudanças vão sendo asfixiados até não restar forças nem disposição para mudar uma vírgula; a rotina traz um conformismo que mata aquele friozinho na barriga que nos faz ficar em estado de atenção; ela age na nossa essência, minando aquela vontade de aventurar-se.

Não tenho como saber como andam as coisas por aí, mas, por aqui, o ano começou como vinha o ano passado e também o seu antecessor, sem grandes novidades e a rotina com frequência tem sido vista pelos cantos, rindo da minha cara e dos meus planos.
Com isso, o silêncio ganhou força sobre a minha fala, o sorriso, já escasso, fechou-se de vez e a graça tem se feito figura rara na sucessão desses dias que deveriam ser novos e cheios de brilho.

A rotina nos dá hoje um spoiler do amanhã, que acaba por perder a graça.
Rogério Alves
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