Sim, sim, não, não!
Sempre gostei de poesia, desde muito jovem lidei com elas e admirei os poetas; quando as leio não consigo me desligar, mesmo depois de um tempo as palavras continuam a borboletear na minha mente.
Drummond sempre mexeu comigo, sempre tentei me colocar no lugar do José e responder as indagações.
E agora José?
Perdi o medo e respondi do meu jeito. mesmo sem ser José.
Espero que você goste, se não, fique tranquilo, no final tem Drumond para nos salvar.
¨E agora, José? ¨
A vida vai se gastando.
Diante dela, vou me olhando mais...
Vou me deparando com o rigor do tempo.
A máscara, já surrada, perde sua função
e é tempo de mostrar a face como ela é.
¨e agora, você? ¨
Cansado de ser bonzinho, de fazer-me do jeito dos outros,
tomo a vida nas mãos e sigo em frente.
Viver de verdade nesse mundo de mentirinha é muito bom!
¨seu ódio — e agora? ¨
Prefiro encará-lo de frente!
Peito aberto!
Quando o desafio é grande, o abraço até quase sufocar
para que sinta o peso e o pulsar do meu coração.
Não posso é deixar que me parem.
Nunca!
¨não veio a utopia¨
O pior deve ser se deixar levar pela verdade alheia
sem querer buscar a sua!
Doa a quem doer, só não dá é pra doer mais em mim.
Agora é pra valer.
Gosto muito de Dom Quixote.
¨sua gula e jejum¨
Me alimento de desafios,
através de lutas que transformei em minhas.
Tenho fome de Vida!
Me agarro a ela com força!
Não posso deixar que me tomem algo tão saboroso!
Sou um enamorado da vida.
¨seu instante de febre ¨
A vida é uma dádiva e pode ser muito boa,
só depende de mim, o vivente.
Deixa pensarem ser delírio,
o que vale é saber responder a qualquer tempo:
¨José, para onde? ¨ ou
¨E agora, José? ¨
A vida pede que a vivamos com verdade,
sem meios termos, ou é ou não é.
Se sou, serei de corpo e alma,
entrarei de cabeça, coerência.
Vontade!
Quando eu digo aos amigos que já passei do peso e da idade
de querer agradar todo mundo,
de querer ser bom moço em tempo integral…
eles riem, acham engraçado.
Não entendo.
Na realidade, eu estou sendo verdadeiro,
resolvi tirar a máscara e prosseguir no baile,
mesmo sabendo que já estava tudo combinado:
“Aqui, só se entra de máscara!”
Tive medo!
Parei porque eu mesmo já estava acreditando no personagem.
¨Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope,
você marcha, José!
você marcha, José!
José, para onde? ¨
Poesia não é brincadeira,
é busca profunda do sentido de se estar vivo.
Um convite à Sensibilidade,
que vai sendo emparedada em vida.
Faz pensar com o coração
(faz até chorar).
Rogério Alves.
Veja o poema José (E agora, José), de Carlos Drumond de Andrade, que inspirou o Rogério:
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