Solidão de Lhama

“Você nunca verá uma Lhama só!”,disseram-me em viagem. “Serão sempre duas ou mais. Se deixarem uma Lhama sozinha, ela morre de tristeza" e o guia enfatizou: "Ela morre de tristeza".

Já se passaram alguns dias desde que recebi esta informação que, para mim, pareceu inútil, irrelevante mesmo pois nunca me passou pela cabeça ter uma Lhama, duas Lhamas então nem se elas fossem lindas e não cuspissem quando ficam aborrecidas.

Mas a história da solidão e da tristeza dos bichos não sai da minha cabeça e, a todo instante, me lembro da afirmação dramática e enfática do guia: "morrem de tristeza".

Fico pensando, será que somente as Lhamas são afetadas pela solidão a ponto de morrer?

Ainda naquele lindo país, retornando a pé de um belo jantar, já na calçada do meu hotel, lá num cantinho escuro vi uma discreta caixa de papelão, uma sombrinha aberta e na sequência apreciam dois pés. Percebi que tinha uma pessoa dormindo ali, só, e sabe o que aconteceu ? lembrei-me novamente da Lhama.

De volta ao Brasil, ao desembarcar no Rio de Janeiro, trilhei os longos corredores do aeroporto, encantado e distraído com os lindos painéis que mostram as lindas praias, o Carnaval, o Pão de Açúcar, a Baía de Guanabara… tudo lindo e encantador.

É bom chegar e se sentir acolhido!

A vida tá voltando a normalidade, mas a história da Lhama não sai da minha cabeça; me sento muito feliz e aliviado em saber que aqui nós não temos Lhamas. Mas,...

Adoro voltar pra casa.

Rogério Alves