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Foto do escritorRogério Alves da Silva

Uma noite de festas e muitos fogos

Atualizado: 25 de ago. de 2018


Foi uma noite de muitas festas, por onde se passava via-se luzes acesas, vozerio exaltado, risos, luzes piscando, a música dava um toque final fechando o clima festivo e de muita alegria, escutava-se desde alguns dias fogos de artificio, explosões que até nos assustavam, acho que serviram como um código secreto para marcar a festa que deveria acontecer nesta noite, só pode ser isto, o futebol acabou, esta de férias, o tráfico de drogas já não usa mais esta forma de anúncio, só pode ser mesmo para marcar a festa.


Mas agora bem cedinho, no dia seguinte, as ruas estão desertas, algumas pessoas que não devem ter ido às festas ou não comemoraram tanto, heroicamente caminhavam, os carros eram pouquíssimos, a festa deve ter sido realmente boa, vi num ponto de ônibus uma criança carregada de bolsas e um carro de brinquedo nas mãos, tinha cara de sono e de quem não sabe muito bem o que esta acontecendo, mas estava sorridente.


O dia esta envolto numa atmosfera de silencio, as ruas desertas, dão um ar de paz, de vazio, um sentimento que acabou alguma coisa, que chegou e passou rápido um momento tão esperado, será o que estavam festejando? Deveria ser algo importante, eram muitas as festas, somente algo de relevante significado justificaria tamanha comemoração.


Datas importantes são comemoradas por grandes festas que duram até dias, mas esta foi rápida, uma noite só, depois das grandes festas, fica sempre uma alegria, comentários, um burburinho acompanhado de comentários, alegria que perdurava por dias, semanas, mas esta foi passou rápido.


Falaram-me agora a pouco que foi Natal, foi, já passou, acabou. Uma noite tão esperada e já foi, dizem que Natal foi quando nasceu Jesus, será que foi ontem? Será que era por isto que tantas festas foram vistas, será que este foi o motivo de tantas luzes, fogos de artificio, brindes, tanta comida, vivas, presentes,...?


E agora? Ele nasceu? E o Natal acabou? Era só aquilo? A festa? Acho que não gosto desse natal e fico pensando que eu poderia ter feito tanta coisa e não fiz, todo ano fico meio triste, melancólico, sem vontade de ir a festa, mas acabo indo, todo mundo vai, porque eu não iria?


Gostei? Não, não gostei nem um pouco, acho que somente as crianças gostaram, eles receberam de uma pessoa toda de vermelho muitos presentes, tiraram fotos para a posteridade, e se foram, uns alegres, outros chorosos, sono talvez, ou frustração por homem caricato com cheiro de naftalina não ter atendido suas expectativas.


Lembro-me de uma época que antes de tudo era hora da prece e que este momento era o mais importante, onde todos se reuniam e de mãos dadas e uma pessoa, sempre a mais velha, fazia uma oração saudando, dando as boas vidas ao sentimento.

A Fé, era um momento de introspecção, de olhos fechados deixávamos que ele nos lembra-se o motivo de estarmos ali, reunidos num momento de reflexão, onde crescia em mim, uma vontade de abraçar, de pertencer, ontem, fui embora da festa antes do final, assim como a maioria, acho que acabou por falta de público.



O que fazer com este mundo que teima em não se transformar em um lugar mais justo? Igualitário? Qual o motivo de não se cumprir o que todos queremos? Afinal, se não todos, a grande maioria de nós gostaria de ver pelo menos por uma noite um mundo onde todos soubessem que é Natal, onde todos tivessem pelo menos o básico e houvesse esperança de mais dias assim.


Sinto necessidade de fazer algo, de mudar o estado vigente, de compartilhar, de dividir, de sentir que somos deuses na capacidade impar de transformar o meio em que estamos inseridos, de ser sal que dá gosto, o fermento que leveda, de transformar o outro no meu próximo, de participar da mudança que se faz necessário acontecer.


É, levei muitos anos para ter coragem de dizer que não gosto de praia, que não bebo por não gostar de beber, que acredito nas pessoas, que acredito que o mundo tem jeito e que será um lugar feliz, que todos temos nossas razões em fazer e em agir daquele jeito, que julgar o outro não nos compete, e agora neste momento digo que não gosto deste natal sem o menor remorso.


O Barão.

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