Voluntário Voluntarioso
Viva esse grande labirinto chamado tempo.
Há mais de duas décadas, venho aprendendo todos os dias a tirar os olhos de mim mesmo; venho sendo ensinado que a floresta é que importa e não a árvore; sempre motivado a subir para que, de mais alto, consiga ver todo o vale e que nada pequeno possa me entristecer após as curvas.
O voluntariado é uma escola de vida que exige desapego, disposição para deixar a mochila do eu dependurada na porta da sala de aulas antes de entrar. Lá, é lugar ímpar, onde se elege o próximo com alvo absoluto da atenção e é sempre por ele que se volta, é para ele que todas as ações devem convergir, sempre!
Aqui dentro, os caminhos são bem estreitos e levam cotidianamente a um só objetivo: o bem absoluto de todos. O senso de equipe é imprescindível e é preciso se despir das vaidades para dividir o espaço de forma democrática. Se fazer e ser uma das peças de um grande quebra cabeça que tem que ser montado para se ter um grande quadro com sentido.
E eu, um voluntário Voluntarioso, fui aprendendo com o tempo que, embora as palavras se assemelhem, aqui, elas são incompatíveis, tive que mudar, colocar o eu em segundo plano, olhar a vida com uma lente grande angular para abarcar o todo e conseguir participar de igual para igual.
Que bom que a vida ensina!
É muito gratificante ver que as lições estão fazendo efeito, mesmo que pouco a pouco. É uma pena, que, por vezes, demora-se tanto para sentir e apreender, aqui no coração, algo tão transformador.
O primeiro passo é descolar-me do meu umbigo e aprender a olhar ao redor; a seguir, compreender que o próximo é a pedra do alicerce da minha felicidade; e, um dia, quando eu for embora, quero esquecer de pegar a mochila do eu que ficou à porta, todos os dias que me esforcei para ser só um voluntário.
A mochila é pesada e…
Quem sabe um dia!!
Rogério Alves
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