O Biênio da Pandemia
"Vamos parar por uns 15 dias até que tudo isso passe"
O ano de 2020 começou como uma possível ameaça que veio a se confirmar.
O que, a princípio, seria um problema que o tempo cuidaria de solucionar, se mostrou um monstro devorador de vidas, planos, empregos, projetos, saúde mental, emocional e econômica.
Aqueles "15 dias" se perpetuaram, o ano fatídico terminou e o novo se mostrou ainda mais assustador; 2021 foi se arrastando e levando com ele uma esteira de perdas inomináveis, além da revelação revoltante e estarrecedora do descaso e da incompetência de autoridades.
Agora, quando 2022 se avizinha, sentimos um grande alívio, como se os 15 dias finalmente estivessem terminando e todas as coisas se ajeitando, com a vida finalmente voltando para os seus trilhos.
Mas, na realidade, nós só aprendemos a conviver sob circunstâncias até então impensáveis. Assimilamos as perdas e nos habituamos às notícias aterradoras do extermínio de milhares de vidas em um único dia, vivemos uma relativa banalização da catástrofe, como se estivéssemos entorpecidos.
Com os "baixos" números diários de mortes, a mídia, obrigada diante da necessidade constante de impactar, buscou novos assuntos e os números da pandemia são agora atualizados em 30 segundos, em flashes entre uma e outra notícia cotidiana.
O sentimento vigente é que "já passou", mas os números ainda deveriam nos chocar; os problemas decorrentes da pandemia apenas começam a ter espaço na mídia e a chamar a atenção dos mais atentos, assuntos como: o desemprego, a fome, os órfãos, as sequelas dos que sobreviveram, os danos à economia local e mundial…
Venho me vigiando para não incorporar a banalização dessa experiência, para manter um olhar abrangente, fora do meu umbigo, buscando ser mais empático com a dor e os problemas alheios que perduram.
Penso não ser hora de, simplesmente, seguir em frente, como muitos dizem. É hora, sim, de nos unirmos para ajudar a juntar os cacos e reconstruir o que foi comprometido, a palavra é solidariedade!
A solidariedade é o combustível para melhorar o nosso mundo.
Rogério Alves
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