Parei de varrer o quintal!
Você se lembra daqueles primeiros dias da pandemia?
Topa fazer uma mini-retrospectiva?
Um mini flashback?
Naqueles primeiros tempos de isolamento social, o sentimento de incerteza era muito forte; um vazio se abateu sobre todos e, conforme os dias foram passando, as TVs e as redes sociais começaram a mostrar o que de curioso e criativo a nova rotina vinha provocando e produzindo.
Agora que as famílias haviam sido reunidas, pais, filhos, agregados, cães, gatos… e que todos estavam trancados em casa, com escolas e empresas fechadas, nos vimos forçados a compartilhar espaços em tempo integral, muito assustados e inseguros, experimentamos algo nunca antes vivido ou imaginado.
A família, nosso grande "tesouro", finalmente ao nosso alcance, oportunidade de colocar em prática tudo que sempre almejamos, agora, tínhamos todo o tempo, algo que sempre lamentamos a falta.
Os vídeos brotavam como tiririca no meu gramado; postados e compartilhados freneticamente, eles mostravam atividades bem comezinhas, como a divisão dos trabalhos domésticos, os pais ajudando as crianças nas atividades escolares e recreativas - quase os Campos Elísios do século XXI.
Passado algum tempo, as pessoas ficaram mais "criativas" e descontraídas, foi aí que vimos ações bastantes peculiares virem ao ar: meditação, yoga, atividades físicas estranhas, vídeos, depoimentos, muito bom humor, jardinagem…
- Falando nisso, sabe onde andam suas ferramentas de jardinagem?
Me lembro também dos vídeos de culinária, estes eram muito "legais", mostravam pratos lindos, super produzidos, cheguei a acreditar que a vida de algumas pessoas era um sonho e que a pandemia tinha mostrado o verdadeiro sentido da existência… só para eles.
- Tem usado sua máquina de fazer pães?
Como a criatividade não conhece limites, o leque foi se abrindo com: hortas, adoção de animais, dietas, dancinhas ridículas, lavar louças (meu caso), varrer o quintal (eu também), ler tudo que não leu durante toda a vida (eu presente); cursos de marcenaria, idiomas, reformas…
- Sabe onde anda a parafusadeira?
De varrer o quintal eu já parei. Agora, rapidamente cato as folhas quando retorno da caminhada. Lavar a louça eu continuo, mas, só de segunda a sexta para ajudar a Kátia, finais de semana eu dei um tempo para dar oportunidade aos filhos e a esposa, afinal de contas eles também merecem experimentar algo tão legal trazido pela pandemia!
A pandemia nos ensinou a compartilhar! … a compartilhar?
Lembram-se dos cantores e músicos das sacadas dos prédios? Esses foram impressionantes, na Itália à noite e, algumas horas depois, já tínhamos vídeos das performances nacionais, mas duraram muito pouco...
- Tem usado a máquina de lavar o quintal?
Foi bem legal também os que de uma hora para outra mudaram seus hábitos e costumes, acreditando que aquele era um momento limite e transformador, passaram a comer "pó de serra": granolas, chia, gergelim, linhaça, quinoa, aveia, centeio… tudo levava, no mínimo, uma pitada destes mágicos produtos de Pirlimpimpim.
Só para lembrar:
- O conjunto de facas mágicas? Tem usado?
Depois de dez meses, por aqui, as árvores do meu jardim sumiram (cortei), tem umas placas horríveis no meu telhado (energia solar), tudo foi pintado, o quintal, como eu disse, anda sujo, louças se acumulando na pia, produtos indispensáveis comprados na internet lotando os armários…
A vida tende a voltar à normalidade, até meu WhatsApp se acalmou, tenho recebido menos mensagens apocalípticas, orações e palestras transformadoras, vídeos dos Drs. sobre: imunologia, virologia, epidemiologia... até as mensagens do além diminuíram.
Agora, com a chegada da vacina, o que vai acontecer?
Não me canso de pensar!
Rogério Alves.
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